Como se esperava, a manifestação do dia 24J em Campo Grande/MS foi maior, bem maior.
Novos segmentos da sociedade civil juntaram-se neste quarto ato contra o governo federal.
Outros setores aumentaram a sua participação.
A adesão popular, espontânea, foi manifestamente maior.
Profissionais da educação, estudantes, jornalistas, psicólogos, servidores públicos municipais estaduais e federais, indígenas, trabalhadores rurais, advogados, ciclistas, artistas, trabalhadores dos correios e da segurança pública fizeram o maior ato da série contra o atual governo.
Deixando claro que o próximo será maior.
A marcha, puxada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, que busca garantir o distanciamento social dos manifestantes, já se tornou uma marca registrada dos atos de Campo Grande/MS.
Também já se tornou uma constante nos atos, a organização dos estudantes na garantia da segurança e da biossegurança do ato, com os coletes verdes fosforescentes e azuis, explicando aos manifestantes a importância do distanciamento social, da manutenção das fileiras e borrifando álcool 70% nas mãos dos manifestantes, o que vem garantindo a sensação de segurança durante todos os atos.
Puxado pela força de mobilização e de organização dos Estudantes, o movimento nas ruas vem agregando novas lutas a cada ato. Mais do que isso, o movimento nas ruas de Campo Grande/MS vem amadurecendo.
O encontro de diversos segmentos sobre o asfalto, tem como resultado a compreensão das lutas e dos direitos que estão sendo atacados nesse governo. Os estudantes veem os servidores, os servidores veem os indígenas, os indígenas veem os profissionais da educação, os professores veem os trabalhadores rurais sem-terra, e esses diferentes atores sociais se reconhecem na rua.
As lutas que eram segmentadas, unificam-se.
E nessa caminhada, nessa marcha com o diferente, nessa marcha pela luta do outro, cada segmento vem amadurecendo politicamente. Nas ruas, dá-se conta de que se todos esses direitos estão sendo atacados simultaneamente pelo governo, o direito à educação, o direito à pesquisa, o direito à vida, o direito à vacinação, o direito a um serviço público sem apadrinhamento ou rachadinhas, o direito a um sistema de saúde público e universal – SUS, o direito à renda básica, o direito à não discriminação por gênero, raça ou credo, se todos esses direitos estão sendo retirados dos indivíduos, então o que está em risco não são apenas os direitos, o que está em risco é o poder do povo de decidir o próprio destino.
O que está em risco é a Democracia.
No chão de asfalto fertilizado pelo movimento estudantil, a manifestação do dia 24J cresceu e amadureceu. Os manifestantes saíram das ruas sabendo que não estão lutando apenas por direitos, por leis, não estão reivindicando uma democracia de papel, mas uma democracia concreta, uma democracia que tem rosto, que tem corpo, que tem cor, que tem gênero, que tem fome, que sofre, que morre, que não quer ser comprada, nem vendida, nem corrompida e que, por isso, luta.
O movimento 24J, nas ruas de Campo Grande, deixou claro que a luta agora é de todos. O próximo será maior.
Henrique Komatsu, Coordenador de Comunicação e Relações Sociais do SINDJUFE/MS.