Carta Aberta aos coordenadores e militantes do SINDJUFE/MS: Por um sindicalismo sem medo

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Caros amigos,

Concedo a mim mesmo a liberdade de direcionar estas singelas linhas aos coordenadores e militantes de base do SINDJUFE – MS, por haver colaborado de alguma forma com a construção da atual diretoria, bem como imprimido esforços na transformação de nossa organização.

O sindicalismo brasileiro precisa direcionar seus movimentos táticos e sua estratégia a partir da análise concreta de situações concretas. Notem bem, o direito, as instituições e as normas, que atingem diretamente nossa remuneração e vida funcional, não podem ser explicados por si mesmos, como se fossem apenas frutos das ideias de uma determinada casta política.

Quero dizer, existe uma base material que dá sustentação às normas e instituições, tudo isso permeado por um profundo conflito de interesses da sociabilidade capitalista. Nós, por desenvolvermos atividades profissionais no seio do Estado, estamos tão imersos nestes conflitos quantos os trabalhadores da iniciativa privada.

A alteração da base material do trabalho no pós-fordismo, isto é, as novas formas de remuneração e organização da produção, deveria haver compelido o sindicalismo a uma profunda alteração de seus movimentos táticos e de sua estratégia. No entanto, mesmo após todos estes anos, continuamos a lutar como se estivéssemos em um tempo passado. Pior do que isso, insistimos em ignorar as sucessivas derrotas sofridas na luta ideológica, política e econômica em desfavor de nossa classe, sendo a crise de representatividade uma de suas severas consequências.

Neste contexto, algumas tarefas são fundamentais para que recuperemos nossa combatividade:

1 – Nossa organização precisa recobrar seu caráter classista, trabalhando, diuturnamente, com a base a noção de que não estamos apartados da realidade da classe trabalhadora, mas sim inseridos nela enquanto uma de suas frações. Mais do isso, demonstrar objetivamente que os ataques dirigidos aos trabalhadores privados, invariavelmente, ainda que em momento diverso, acabam por fulminar também o setor público.

2 – Priorizar o trabalho de base e campanhas de filiação, dialogando de forma objetiva com filiados e não filiados, demonstrando todas as contradições enfrentadas por nossa categoria e definindo diversas frentes para atingir tal desiderato (assembleias virtuais, lives, trabalho de comunicação nas redes, visitas aos locais de trabalho, etc). É preciso deixar de lado palavras de ordem vazias e inserir em nosso discurso os reais prejuízos para a categoria.

3 – Profissionalizar nossa comunicação, transformando o sindicato em um verdadeiro instrumento contra-hegemônico que faça frente aos discursos ideológicos veiculados como se científicos fossem. É imperioso contrapor o discurso neoliberal, propalado de forma normativa pela grande mídia, sem qualquer espaço para debate.

4 – Buscar a unidade no movimento sindical para que se possa fazer frente aos ataques contra nossa categoria e classe. Neste ponto, a interlocução com outras organizações é elementar para que possamos encorpar nossa defesa e contra-ataque.

5 – Estimular e respaldar a formação política de nossos militantes e dirigentes, ofertando cursos de formação. Nossa ação prática sem a teoria se torna cega. É preciso, no entanto, discernir a formação política do partidarismo.

6 – Trabalhar, dia a após dia, em nossa base, a centralidade do poder que as greves e paralisações possuem para consecução de nossos fins. Ora, é o servidor público a força motriz do Poder Judiciário. Como eu já disse em outra oportunidade, desconheço qualquer vara que funcione sem seus servidores, mas várias delas caminham sem seus juízes. O movimento sindical precisa abandonar a luta por migalhas através de ações e ofícios, recuperando sua radicalidade nas paralisações e greves, construídas com amplo apoio da base. Esta é uma tarefa complexa que demanda uma laboriosa construção, mas que nos é imposta pela conjuntura.

7 – Lutar para que o servidor seja inserido na administração do Poder Judiciário. É, no mínimo, antidemocrático que os servidores responsáveis diretamente pelo funcionamento da máquina pública sejam, sistematicamente, ignorados na gestão de seu ambiente de trabalho, não possuindo direito sequer de influenciar a eleição da cúpula administrativa.

8 – Promover a reaproximação de nossa organização das camadas populares. Afinal, o povo trabalhador é um elemento determinante para a existência de nossas funções. São eles os verdadeiramente afetados pelo serviço público e pelo projeto de Estado levado a efeito em nosso país.

Não escapam de minha análise as dificuldades deste tortuoso caminho e muito menos as mudanças já levadas a efeito pela atual coordenação. Com estas provocações, me despeço da militância no SINDJUFE – MS, tendo em conta minha iminente exoneração da Justiça Federal. De todo modo, saúdo os grandes amigos que fiz nesta luta e deixo aqui registrado meu profundo respeito, carinho e admiração por esta categoria que sempre fará parte de mim.

Felipe Duarte.

28 de Abril de 2021.

 

Sobre o autor:

Felipe Duarte foi servidor da Justiça Estadual de Mato Grosso do Sul entre 2014 e 2015 e servidor da Justiça Federal de 2016 a 2021, atuou no movimento sindical como representante do SINDJUFE/MS em Dourados e, agora, segue para trilhar outro caminho profissional e deixa esta carta como uma contribuição para coordenadores e militantes sobre  a organização sindical e a luta da categoria.

 

 

 

 

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Artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam, necessariamente, as ideias ou opiniões do SINDJUFE/MS.

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A atual gestão do SINDJUFE/MS decidiu modernizar a identificação dos seus filiados criando o acesso para a expedição da carteira digital do filiado.
Com isso cada filiado poderá, a qualquer tempo expedir e renovar sua carteira de filiado, agilizando e facilitando sua identificação no próprio computador ou celular, para fins de comprovação para uso dos convênios, serviços jurídicos, entre outros.
Para tanto basta acessar o banner no site do Sindicato, onde foi colocado o link para a expedição da carteira e seguir os passos indicados, que é de fácil compreensão.
No vídeo abaixo há explicação sobre como expedir sua carteira digital.

Esta é mais uma ação da atual gestão do SINDJUFE/MS para facilitar a comunicação e a aproximação com o filiado.

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