Combate ao racismo institucional e maior inclusão de pretas e pretos no serviço público foram temas debatidos em Encontro Nacional da Fenajufe

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A Fenajufe realizou, no sábado (26) e domingo (27), o Encontro Nacional de Pretas e Pretos. Ocorrido em formato híbrido, o evento reuniu dirigentes e representantes dos sindicatos de base da Federação, entre eles, o SINDJUFE/MS.

Segundo a coordenadora Zeneide Andrade de Alencar, este foi um encontro bastante importante que debateu diversos temas relacionados às pessoas pretas, entre eles, o empenho dos sindicatos no levantamento dos filiados pretos e pretas, questão de, conforme a dirigente do SINDJUFE/MS, é bastante sensível diante da falta de informação advindas dos tribunais e dos próprios servidores.

No sábado, a mesa de debates que abriu o evento abordou o tema “Negritude e poder: o que esperar dos poderes Legislativo e Executivo após as eleições 2022?” , com as palestrantes Patrícia Ramos, professora e membra do Movimento de Mulheres em Luta (MML), as vereadoras Bruna Rodrigues (Pcdo B/RS) integrante da bancada negra do partido na Câmara e Tainá de Paula (PT/RJ), ambas com forte atuação política-antirracista em seus estados e Artur Miranda, representando a Operativa Nacional da Coalizão Negra Por Direitos.

O primeiro dia também tratou da “Negritude nas Ruas”, em uma análise sobre a luta e o combate ao descaso do Estado com relação à população negra.

O Encontro Nacional de Pretas e Pretos da Fenajufe foi encerrado no domingo com o debate do “enegrescimento” da Federação. A mesa de discussão ficou sob o comando da comissão organizadora composta pela coordenadora geral Sandra Dias e os coordenadores Luiz Cláudio Correa e Jaílson Lage, das coordenações de Combate às Opressões e de Formação Política e Sindical, respectivamente. Da última mesa participou ainda a servidora Patrícia Fernanda dos Santos – militante antirracista, representante do coletivo de Negras e Negros da Justiça Federal/RJ.

Com relação à atuação direta dos sindicatos, os participantes debateram a criação de Núcleos de Pretas e Pretos, bem como a atuação em prol da instituição de comitês dentro dos tribunais para o trabalho de combate ao racismo estrutural e institucional, além da implementação de políticas de equidade.

De acordo com a coordenadora do SINDJUFE/MS, a aplicação das cotas raciais nos concursos públicos serve de estratégia para amenizar o preconceito na sociedade. “É uma forma de se pensar a questão do tratamento da mulher negra e do homem negro pelos magistrados e pelos servidores que atuam como assessores de magistrados, em uma questão menos discriminatória em relação aos incidentes que ocorrem com homens negros e mulheres negras, tanto no viés dele como réu ou como vítima”, afirma Zeneide.

O retorno de cargos operacionais como os de Auxiliares também foi abordado no encontro como uma forma de proporcionar maiores chances às negras e negros residentes em comunidades e periferias de ingresso em cargos públicos. “O concurso é o método mais democrático de ingresso para pretas e pretos terem empregos mais bem remunerados”, diz.

Além disso, os presentes em Brasília trataram da necessidade de fazer com que os tribunais promovam cursos de formação para magistrados e servidores em relação ao tema, no combate ao racismo em todas as instâncias do Poder Judiciário. “Nós sabemos que o racismo está entranhado na cultura da população brasileira e os magistrados não são imunes a essa cultura racista. Mesmo que eles queiram, acabam tendo seus julgamentos afetados por uma cultura racista. Então é importante que esse debate sobre o racismo, a identidade racial e as origens do racismo sejam enfrentadas pelo Poder Judiciário nos cursos de formação para magistrados e treinamentos introdutórios para os servidores, abrindo esse debate já no ingresso ao serviço público”, completa.

Propostas tiradas do Encontro Nacional de Pretas e Pretos:

• Plenário aprovou Moção de Repúdio sobre matéria do jornal “ O Estadão” que usa uma imagem de mão negras para ilustrar o atentado realizado por homens brancos no estado do Espírito Santo;
• Que a Fenajufe passe a aplicar a contratação de trabalhadores observando o perfil racial da sociedade brasileira;
• Criar o Coletivo Nacional de Pretos e Pretas da Fenajufe ;
• Que no ano de 2023 o Encontro Pretas e Pretos se realize na semana da Consciência Negra – dia 20 de novembro;
• Oficinas culturais nos próximos encontros;
• Criação de um Núcleo de Pretos e Pretas em cada sindicato.

As propostas foram apresentadas pelos representantes dos sindicatos ao final dos debates e após lidas e consensuadas pelo plenário, serão encaminhadas para análise da diretoria executiva da Fenajufe.

Um grupo nacional de WhatsApp também foi criado com os participantes para o debate e tratativas sobre a atuação das entidades e temas relacionados à política racial. Os servidores negros e negras, sindicalizados ao SINDJUFE/MS, que desejarem integrar esse grupo devem entrar em contato com a coordenadora Zeneide para a inclusão.

Foto: Fenajufe

 

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Esta é mais uma ação da atual gestão do SINDJUFE/MS para facilitar a comunicação e a aproximação com o filiado.

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