Por Graziela Gonçalves
Quando o assunto é educação de filhos, cada família cria suas regras, horários, rotinas e tudo mais. Acontece que nunca temos a certeza se estamos agindo certo ou errado.
Se você tem essa sensação, não se preocupe, todos os pais sentem o mesmo.
E assim também acontece quando pensamos na forma como ensinar a criança a lidar com o dinheiro.
Não existe qualquer certeza no processo de educar filhos. Mas o que eu posso te garantir é que: a educação financeira é ESSENCIAL!
A criança precisa aprender desde cedo o valor das coisas e entender que é preciso fazer escolhas, já que as “vontades e desejos” são infinitos e o dinheiro certamente não é.
Então ela terá que fazer escolhas sobre como gastar, usar a criatividade e aprender a esperar para realizar um desejo.
A mesada educativa é uma excelente ferramenta de auxílio para os pais.
A mesada é uma quantia em dinheiro que será dada à criança para que ela possa pagar seus pequenos gastos ou economizar para comprar algo de valor maior que desejar.
A frequência pode ser semanal ou mensal.
A partir de 4 anos já é possível dar mesada, mas o ideal é começar aos 6 anos, quando a criança já tem maior conhecimento de números e já sabe fazer pequenas operações.
O valor vai depender da renda dos pais e da idade da criança. Eu sempre gostei de utilizar a fórmula da idade, ou seja, se a criança tem 6 anos, pode ganhar R$ 6,00 por semana, por exemplo. Mas isso fica a critério dos pais.
Quanto menor a idade, menor deve ser o período de frequência da mesada, já que a criança não tem muita noção do tempo. Então esperar 30 dias para receber o dinheiro poderá perder o objetivo, já que ele esquecerá.
Definido o período (semanal, quinzenal ou mensal) e o valor, agora é hora de estabelecer os “combinados”, ou seja, a lista de atividades que são obrigatórias para a criança e que o não cumprimento poderá gerar uma glosa, um desconto no valor da mesada.
Trago aqui alguns exemplos, a título de sugestão, já que a lista será definida pelos pais e explicada à criança.
- Não arrumar a cama= -R$ 0,50 (por ocorrência)
- Deixar roupas (tênis, brinquedos) jogados no chão = R$ 0,50 (por ocorrência)
- Não fazer tarefa = -R$ 1,00
As atividades devem corresponder às obrigações da criança e, claro, compatíveis com a idade e capacidade de cada uma.
Também é possível fazer uma coluna de atividades “extras” que podem incrementar a mesada. Mas, ATENÇÃO, as atividades obrigatórias das crianças, como arrumar a cama, tirar o prato da mesa, fazer tarefa, estudar etc, não podem ser remuneradas, mas apenas as extras que serão definidas pelos pais, de acordo com a capacidade dos filhos (ex. ajudar na arrumação da casa).
O importante mesmo é a parte que vem agora: como orientar o filho a gastar o dinheiro.
Uma técnica importante para ensiná-los sobre finanças são os 3 potinhos. Arrume 3 potinhos ou copos com as indicações (GASTAR – GUARDAR – DOAR)
Pote 1 – Gastar
Parte do dinheiro que receber (em torno de 60%) vai para esse pote para ser gasto no dia a dia, com aquilo que a criança quiser, como sorvete, figurinha, pequeno brinquedo.
Pote 2 –Guardar
Parte do dinheiro (20%) ficará no pote para guardar para um objetivo maior, com um prazo maior. Lembre-se de que para a criança, quanto menor a idade, o prazo do objetivo não pode ser tão longo, em virtude da percepção diferente do tempo.
Isso ensinará a criança a ter paciência para adquirir algo que deseja.
Pote 3 – DOAR
Importante separar uma parte da mesada (20%) e colocar nesse pote para criar na criança a importância de ser grato por aquilo que ganhou e poder ajudar outra pessoa.
O destino da doação será combinado com os pais, pode ser na igreja que frequenta, uma instituição de caridade ou comprar algo que um vizinho com dificuldades necessita.
Precisamos orientar a criança a gastar em objetos ou experiências que são importantes para ela. Incentivar a pensar antes de gastar, já que a próxima mesada vai demorar a chegar. E então deixá-lo decidir e arcar com as consequências da escolha.
Se a criança quiser gastar toda mesada em balas, por exemplo, e comer todas de uma vez, perceberá que o dinheiro acabou e que no próximo final de semana não poderá comprar um sorvete, por exemplo.
Essa experiência traz maturidade e assim aprenderão que o dinheiro é um instrumento para realizar necessidade, vontades, sonhos, dependendo da forma como escolhemos gastá-lo.
Nós adultos, em sua maioria, não tivemos educação financeira de berço e isso se reflete na forma como gastamos o salário, muitas vezes antecipando sonhos com diversos empréstimos e financiamentos. Somos imediatistas e, por vezes, comprometemos os salários dos próximos meses ou anos, como se nesse período nada pudesse sair do planejado, como perder o emprego, ficar doente, sofrer um acidente ou passar por uma pandemia.
Comece hoje mesmo a educar seu filho para que ele possa construir sua liberdade financeira!
Graziela Gonçalves é servidora do TRE-MS, filiada ao SINDJUFE/MS e educadora financeira