Desde o ano de 1910, as mulheres integram lutas por respeito, pelo direito de participar de espaços decisórios e contra a tutela de subordinação em espaços de influência masculina. A história mostra que, a partir da década de 70, os sindicatos começaram a debater pautas sobre igualdade e, em 1980, as mulheres passaram a organizar grupos para a discussão sobre sexualidade, direito do trabalho e igualdade nas relações conjugais.
Aos poucos, as mulheres foram ganhando espaço não apenas na luta, como também na criação de novas entidades representativas dos trabalhadores em geral.
No Poder Judiciário da União, as mulheres têm ocupado, cada vez mais, as direções e coordenações dos sindicatos, associações e federações, priorizando-se a igualdade de gênero na composição das administrações.
Referência como dirigente sindical combativa em favor dos servidores do PJU, a Oficiala de Justiça aposentada Lúcia Maria Bernardes é uma dessas mulheres que fizeram a história do sindicalismo brasileiro. De acordo com ela, a atuação sindical foi uma continuidade do empenho já praticado anteriormente como presidente do Pelotão de Saúde no antigo curso primário, presidente do Grêmio Estudantil no ginasial, presidente do Clube Pedagógico da faculdade de Letras e integrante do diretório no curso de Direito.
Além de diretora do Sindicato de Minas Gerais (Sitraemg), Lúcia Bernardes foi presidente da Assojaf-MG e da Fenassojaf, e coordenadora Executiva da Fenajufe por dois mandatos.
A dirigente diz não ter encontrado dificuldades ao longo da carreira sindical, pois, “sempre considerei meus colegas, seja homem ou mulher, como companheiros e o que tinha de falar ou fazer, tanto no relacionamento pessoal como nas lutas sindicais, eu sempre fui sincera e estava junto, com um tratamento de igual para igual, sempre com diálogo”, afirma.
No âmbito do SINDJUFE/MS, a filiada Ivonete Vieira Martini, aposentada do TRE-MS, foi uma das precursoras na fundação do sindicato. Ivonete lembra que a criação do SINDJUFE/MS se deu através da ajuda de alguns colegas e apoio de muitos, “conseguimos formar uma proposta de fundação de um sindicato que representasse todos os ramos do Judiciário Federal no MS e ainda o MPU e que prontamente aprovado. Lembro que esta prática não era comum nos demais estados. Embora recomendada, principalmente, onde o número de servidores era reduzido”.
Ivonete ressalta que as dificuldades por estar num mundo, quase que exclusivamente, masculino vinham por parte dos administradores. “O nosso grupo, bem equilibrado na representação de gênero, unido e consciente dos caminhos recém-descobertos, sentia cada vez mais ânimo e paixão pela luta na busca dos nossos direitos que pareciam tão distantes, de modo que cada conquista, por menor que fosse, era muito comemorada. Como mulher, esposa, mãe, servidora e militante tenho muitas razões para agradecer e comemorar”.
Para Ivonete, uma mulher, onde quer que ela esteja, deve estar muito atenta às mudanças e à dinâmica dos fatos, dos acontecimentos e, principalmente, das pessoas e, mais ainda, se estiver em uma posição de liderança, de representatividade porque o que se espera dela é uma atuação impecável, sem retoques como se fosse programada só para acertos. “
Atualmente, a direção do SINDJUFE/MS conta com a presença marcante de Zeneide Andrade, aposentada e coordenadora Administrativa do sindicato. Segundo a coordenadora Márcia Pissurno, “Zeneide merece todo reconhecimento, a conheci no início de 2018, quando ela já se apresentou para a direção da época por intermédio de e-mail fazendo análise detalhada do texto da reforma da previdência, logo após uniu-se à direção para fazer trabalho qualificado no parlamento, e de lá pra cá, foi eleita coordenadora, está sempre a postos, presente, pronta para defender os direitos de todos, em especial dos aposentados! Admiro demais Zeneide, a história dela, e é uma alegria e um aprendizado enorme tê-la lado a lado nas trincheiras!”
Zeneide Andrade afirma que o olhar e o jeito femininos na definição de políticas sindicais e lutas prioritárias são necessários para ampliar a atuação sindical para além das questões meramente remuneratórias, “abrangendo a questão de suporte para a mãe trabalhadora poder conciliar o trabalho e os cuidados com a família; a saúde da mulher no ambiente de trabalho; o assédio sexual no trajeto e no local de trabalho; a valorização do trabalho feminino e a luta pela igualdade de oportunidades e de remuneração, entre outras lutas específicas e gerais”, enfatiza.
O SINDJUFE/MS aproveita essa reportagem para homenagear todas as mulheres, bem como os aposentados, que integram ou já integraram não só a direção do sindicato, como de todas as entidades que englobam a representatividade dos servidores do Judiciário Federal.